quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O QUARTO DO MEU PAI



O quarto do meu pai já se sente um quarto de morto já.
Muito embora vivo ele estava ali, nem sabe quão morto ele vivia lá.
O quarto do meu pai tem uma cama de solteiro. Na mesinha um retrato e uma flor que ele usava como arma.
E contava e recontava e tornava a contar os casos do tempo de moço.
Ele era o herói das horas do jantar e o mesmo herói da história do almoço
O quarto do meu pai tem um velho armário enorme. Tão grande que inibia um sonhador e ele nem cochilava enquanto dormia.
O quarto do meu pai tem a extensão que a noite corta.
Tão escuro que não se enxerga a dor e tão profundo que não se abre a porta.
Ele rezava e revezava a novela das seis, quem nunca foi tão atencioso.
Agora o que resta dos três, são dois, para lembrar do mais laborioso.
Quando ele adoeceu, trouxe as cicatrizes no corpo de leão.
Trouxe a mala aberta, orgulho aberto, uma pochete e um carrinho de vender picolé.



SEM MÁGOAS OU DORES, AGORA, SEI QUE ESTOU ME ENTENDENDO MELHOR.

2 comentários:

Anônimo disse...

HAUHUAHUAHUAHUA!!! JUDITE INSONE!!!! ISSO É MODERNO? HUAHUAHUAHUA1

Karin disse...

Fiquei emocionada. Lindo demais!!! Grande homenagem. Bjos.