sábado, 3 de novembro de 2018

Rebento

Demorou vidas pra eu me entregar a você.
Flertamos por séculos.
Os arrepios que sentia eram o anúncio da bagunça que você faria.
Eu fugi, por controle e por saber que nada de raso sobraria depois de nós.
Eu fugi, até a vida me engolir e não ter como eu digerir o dia.
Eu fugi, até o suor da confusão interna me deixar sem rumo.
E o único rumo restante ser você.
Não espero de você salvação.
Não sustento em você ilusão.
Te encontro no vazio.
Te abraço na liberdade.
Te respiro na lucidez.
Te gozo sem pressa.
A entrega é lenta, macia, e cheira a alecrim e cedro.
O imprevisível me abraça.
Nos beijamos no escuro.

❤️