domingo, 28 de março de 2010


Entrei em minha caixa de e-mails hoje umas 500 vezes, procurando uma novidade. Algo que me traga cheiro de mato novo. Nada velho ou já vencido. Só o que achei foram mensagens lidas e spams. Fiquei feito tonto na frente da tela olhando os números de um download sem grandes expectativas. Falta tudo neste domingo. Amigos que chegam ao fim da tarde com um jeito desconfiado, querendo tocar num assunto pessoal, mas nada é feito. Eles nada têm haver com isso. Um cara de uma casa de recuperação de usuários de drogas, onde estou fazendo uns trabalhos me disse: Eu entrei por minha conta, agora eu preciso de ajuda para sair.
É real o que ele disse. Tem coisas que você entra facilmente, deslizando, como se num escorregador de emoções, mas quando você chega ao final, na parte onde tem água, você corre o risco de se afogar. É neste momento que você coloca os braços para fora da água pedindo socorro. Ainda não caí na água, mas já peço por socorro antecipadamente, para que a queda seja menor e o susto pelo menos sustentável.
Não conto muito com os outros. Eu sei que estou sozinho e que preciso resolver os meus restos. Na noite passada sonhei com meu pai. Era um sonho estranho, pois no sonho ele, que já morreu há sete meses, morria novamente. Eu chorava e pedia ajuda, mas estava sozinho.
Decisões de mudar as coisas na vida sempre doem mais que o esperado. Pensei em quatro possibilidades hoje: beber, ir ver minha mãe, ouvir som no último volume trancado dentro do meu quarto ou comer até explodir. Nada me estimulou. Passei o domingo a ver navios, ver pernilongos e sentir vontades nulas. Queria estar agora, na casinha do Bairro Santa Clara, sozinho e sentindo o cheiro de incensos que ela tinha. Nada disso. Estou aqui mesmo, Isso é um fato. Estou precisando arrumar algo prá fazer nas folgas. Algo novo como, por exemplo: esperar. Isso é novo? Esperar é novo sim. Esperar por um novo e-mail, um novo recado no orkut ou um novo pacote de correio.
Deve ter sido o fato de não ter tomado minha cerveja de todos os sábados. Nem um tira-gosto, nem nada. Estou um pé de alface neste final de semana. Cinco anos distante da vida noturna e agora mais reencontrá-la. Sinto saúdes da Marlene, da Mila e de outros. Posso ver todos em breve, se eu quiser. Agora vou desligar o micro e dormir. Eles assistem televisão no talo do volume, enquanto eu quero ouvir um cd no talo também. Eles vencem porque meu barulho é bem maior e pode incomodar os vizinhos também.
Concluo que meu tempo passou, e que agora ou saio correndo daqui e tento aproveitar o pouco que me resta ou então deixo o olho do furacão me engolir.
Vou ver Simply Red em BH, devo chorar em algum momento. Mas será de emoção. Amo aqueles cabelos vermelhos.
Veja só este vídeo que lindo:



TENHAM TODOS UMA BOA NOITE!

27 DE MARÇO



Ontem, 27 de março, Dia do Teatro e niver de Renato Russo (in memorian). Ele morreu mas a obra ficou. Ele ficou. Catarina dizia que eu parecia com ele. Só porque uma vez eu fui traduzindo letra de "HÁ TEMPOS" para ela entender. Tipo: as metáforas dele foram ficando transparentes em minha tradução. Coisas que passam, mas não são esquecidas.

Parece cocaína
Mas é só tristeza
Talvez tua cidade
Muitos temores nascem
Do cansaço e da solidão
Descompasso, desperdício
Herdeiros são agora
Da virtude que perdemos...

Há tempos tive um sonho
Não me lembro, não me lembro...

Tua tristeza é tão exata
E hoje o dia é tão bonito
Já estamos acostumados
A não termos mais nem isso...

Os sonhos vêm e os sonhos vão
E o resto é imperfeito...

Dissestes que se tua voz
Tivesse força igual
À imensa dor que sentes
Teu grito acordaria
Não só a tua casa
Mas a vizinhança inteira...

E há tempos
Nem os santos têm ao certo
A medida da maldade
E há tempos são os jovens
Que adoecem
E há tempos
O encanto está ausente
E há ferrugem nos sorrisos
Só o acaso estende os braços
A quem procura
Abrigo e proteção...

Meu amor!
Disciplina é liberdade
Compaixão é fortaleza
Ter bondade é ter coragem (Ela disse)
Lá em casa tem um poço
Mas a água é muito limpa...



Amo todo mundo igual, mas tem gente que me deixa mais livre para mostrá-lo.
Se eu fosse gritar agora, meu grito acordaria não só a sua casa, mas a vizinhança inteira.
Bjos domingueiros de paixão.
Ass. Judite

CARRO



Ontem foi uma noite estranha. Dormi assim que cheguei do trabalho e acordei pensando assim: Eu queria ter um carro. Sim, um carro. Na certa eu tomaria um banho bem refrescante, colocaria uma roupa confortável, despistaria uma lata de cerveja dentro da lata de refri e sairia dando uma volta. Talvez eu iria até a trincheira no final da Goiás e depois voltaria bem devagar, ouvindo algo tipo: Saint Etienne, Simply Red, Pet Shop Boys ou Cocteau Twins. Ah: Goldfrapp também seria legal. Eu ia ver alguém conhecido, ia buzinar, a pessoa ia parar e eu ia dar uma carona. Eu sem preocupar com nada ia conversar sobre assuntos triviais. Planos para o domingo, cozinha, cinema, teatro e musica. Depois de umas três latinhas de "refri" eu voltaria para casa e daria por encerrado o passeio. Quem sabe agora eu colocaria uma roupa legal e sairia por aí, sem carro, mas com a alma lavada?
Tenho muitos sonhos antes do último. E qual é o último? Segredo. Pelo menos um sonho deve ser secreto. Bom, estou pensando muito nos meus planos novos. Catarina, minha amiga única, elogia meus trabalhos atuais, é muito falante e pensa em uma forma de eu me dar bem. Ela é uma pessoa adorável. Dança igual a Duffy. Não: a Duffy dança igual a ela. Somos unha e carne. Até nos comentários sobre os outros. Ela seria uma pessoa legal para ir no meu carro.
Deixa prá lá: essas coisas são sonhos. E só vão deixar de sê-lo se ela acertar na mega-sena, com aqueles números que sempre esbarram, mas nunca dão certo.
Essa vida é realmente doce.
No final eu concluo que nem todo dia é dia de fúria, nem todo ar é poluído e que meu trabalho melhorou mesmo. Só tenho medo de voltar pra casa quando carrego dinheiro. Isso me dá medo.
Acontece que meu penúltimo sonho é que tudo seja limpo, verdadeiro, o chão tenha cheiro e as pessoas não se cansem facilmente do que é eterno. Eu sonho com amizades maiores, amigos mais cúmplices, pessoas reais e um céu sempre azul claro.
Eu não teria mais medo de carregar dinheiro e, uma vez, nas ruas, as pessoas me abraçariam mais.



Vem andar e voa.
Bjos
Ass: Judite Insone em Amitripilinoterapia.

sexta-feira, 26 de março de 2010

QUARTINHO DOS FUNDOS



Arrumar o quartinho dos fundos é algo penoso para mim. Penoso porque todo fim é devastador e todo recomeço assusta. Não sei se estou certa quando penso assim, mas sou sincera e é o que sinto. Não pense que estou me corroendo de tristeza. Já não há mais o que corroer. Não pense que vou morrer, morri quando tomei a decisão. Agora é me reerguer como fiz em outras vezes. Voltei a sair de casa, afinal talvez tenha sido por isso que acabei um pouco fisicamente. Sair de casa ajuda a rejuvenescer. Não estou aberta á novo relacionamento por dois motivos, primeiro porque o fim ainda não se concretizou e segundo porque uma coisa está declarada em minha vida: casamento nunca mais. Enquanto ajeito o quartinho dos fundos ouço músicas que me ajudam a entender a situação: Uma delas: "Dei meu coração á tantos, jamais fui santa. Quantos sabem meus encantos, perdi a conta. Possuí um não sei quê. E eu, minha ciência: Viver".
Agora fico a um passo de um pequeno apartamento ou barraco onde poderei ouvir minhas músicas com som mais alto, fazer minha dieta sem interferências e tomar meus remédios sem o risco de assustar ninguém, caso eu venha a cair dura prá trás de repente.(morro de rir).
Catarina tá em silêncio. Não quer opinar. Ela é justa e sabe que a dor espirra para todos os lados. No meu caso dói mais porque ao longo do tempo investi mais no tal negócio. Então eu concluo que: Não vale a pena comprar um cd de música triste agora. Se eu ligar o radio agora eu ouço isso. Música de mulher sofrida como dizia meu sobrinho Xande. Espero que o santo me dê uma benção para continuar. Já arrumei uma terça parte do quartinho.
Minha mãe pediu para eu por a cabeça no colo dela e me fez cafuné. Dormi na hora e sem tarja- preta. Só ela pôde entender, dentro de sua ingenuidade de 84 anos, que uma pessoa, ás vezes precisa colocar a cabeça em outro lugar que não seja o seu próprio travesseiro.
Nesta pausa da arrumação, contas no papel, planos de saldar todas com a honestidade de sempre, vontade de tomar um porre, uma fome imensa e...por fim...uma dor medonha.

Vídeo escolhido para este texto:



Beijos para todos aqueles que de uma forma ou de outra: ENTENDEM.

segunda-feira, 15 de março de 2010

EU NÃO GOSTO



eu não gosto do bom gosto, eu não gosto de bom senso, eu não gosto dos bons modos, eu aguento até rigores, eu não tenho pena dos traídos, eu hospedo infratores e banidos, eu respeito conveniências, eu não ligo pra quem especula, eu suporto aparências, eu não gosto de maus tratos, eu aguento até os modernos e seus segundos cadernos, eu aguento até os caretas e suas verdades perfeitas,eu aguento até os estrelas, eu não julgo competência, eu não ligo pra etiqueta, eu aplaudo rebeldias, eu respeito tiranias, compreendo piedades, não condeno mentiras, não condeno vaidades.

eu gosto dos que têm fome
dos que morrem de vontade
dos que secam de desejo
dos que ardem...sozinhos.

Embora este video não tenha nenhuma ligação com o texto acima, foi o video que me ocorreu quando eu estava postanto. Mesmo porque se eu gosto de rebeldia consciente, Angela Rorô foi (e ainda é) uma das pessoas mais verdadeiras e francas que pude conhecer. Não esqueço de uma entrevista nos anos 80 na qual ela disse: "Você tem todo do direto de quebrar todo o bar se quiser, mas para isso você precisar ter dinheiro pra bancar o prejuizo."



Bjos e dá-lhe NEAC este ano.

ESTRELA ESTRELA, COMO SER ASSIM?



É só de ninar e desejar que a luz do meu amor, matéria prima destas palavras, fique a brilhar nos seus meigos olhos.
E é pra você e pra todo mundo que quer trazer assim, a paz no coração.

Meu pequeno amor!

Sei que você haverá de me lembrar toda vez que a vida mandar olhar pro céu, só pra ver a estrela da manhã.

Meu pequeno grande amor que é você Miguel.

Pra poder ser livre como eu sempre quis, com a gente haverá de sempre querer.


Chegará um tempo que de tanto andar a teu lado e de tanto cruzar os caminhos
Serás meu único amigo.
Onde terei meu lugar e meu porto ainda mais seguro.

Sei que aquela lição que aprendemos na estrada.
Aqueles sonhos que passam por nós,
haverão de ser nosso abrigo.

Ter você foi conhecer o melhor da minha alma mulher.

Atrás da voz do acalanto, voz que será pedra do seu firmamento, seu nome: Miguel será o meu Olimpo.

E assim, ouvirei seus risos a todo momento.

Quando você olhar para o céu, lembra e repara bem quem o pintou. Alguém que brilha e sorri prá você. Alguém que foi menino justo e honesto também.

Não precisa sentir a dor de medir a distância, porque eu sempre vou te tocar.

Além da lembrança, além do seu calor de ser meu filho:

Você virou estrela, a estrela do meu céu.


(Escrevi este texto misturado, como se fosse a minha amiga do peito Bianca, sussurando no ouvido do seu filho Miguel. A foto acima mostra suas mãos amparando o menino, amparando o presente que recebeu da vida ou o presente que deu ao mundo.)




Esta música a seguir fala sobre amor no sentido mais puro da palavra: AMOR SEM GANÂNCIAS, VAIDADES OU EGOÍSMOS.



Foi por isso eu aprendi a amar de uma forma unicamente minha!

Bjos e até o próximo post.