sábado, 3 de novembro de 2018

Rebento

Demorou vidas pra eu me entregar a você.
Flertamos por séculos.
Os arrepios que sentia eram o anúncio da bagunça que você faria.
Eu fugi, por controle e por saber que nada de raso sobraria depois de nós.
Eu fugi, até a vida me engolir e não ter como eu digerir o dia.
Eu fugi, até o suor da confusão interna me deixar sem rumo.
E o único rumo restante ser você.
Não espero de você salvação.
Não sustento em você ilusão.
Te encontro no vazio.
Te abraço na liberdade.
Te respiro na lucidez.
Te gozo sem pressa.
A entrega é lenta, macia, e cheira a alecrim e cedro.
O imprevisível me abraça.
Nos beijamos no escuro.

❤️

quarta-feira, 31 de outubro de 2018

SOTEIO FESTIVAL NEAC 2018 - 25 ANOS


VAMOS PESQUISAR E PERGUNTAR GENTE.....

BOA SORTE!

domingo, 16 de setembro de 2018

RELATO

Relato

A noite então, soltou-se e deixou vir a tona a pessoa que era. Mulher romântica que destrói agendas, bota fogo em cartas e acende velas. Naquela noite estava mesmo se despedindo da incoerência com a qual viveu. Tentou vencer a vida, mas foi inútil sua força contra algo tão forte: a vida. Não tinha flores, flertes e nem era mais “a dona da noite”. Estava mais para uma balada assim meio” acende o último cigarro”, do que a velha e doida menina do rock and rool, Ramones e os super outros e os muito mais e tal. Era apenas ela e uma música qualquer que o surfle do velho aparelho escolheu. Tinha umas pontas pelo chão no passado. Hoje apenas as baganinhas do cigarro barato e uma água ardendo de tão só. Então, estava montado o cenário de sua inconformada e arriscada paixão por nada. Qualquer fajuto, cafuçu ou malandro era agora um rei. Quando uma pessoa morre não sobra nada, afirmava ela insatisfeita com o corpo já flácido e os seios tombados sobre o peito. Quando a pessoa morre não tem anjo, nem nada. É só um breu e uma ausência total de realidade. A fumaça do incenso expira assim como a vida, dizia ela na janela esperando que o felino preto, velho, sujo e miserável viesse dormir em sua varanda. Estava já, morta e não sabia. Esperava apenas a ruptura final do vínculo. Uma veia que explodiria ou um engasgo com a própria língua. Traçou um testamento. Deixou o Pearl da Janis para vizinha do lado e os Buarques para a amiga da enfermaria. Num súbito caiu para trás com um engasgo tenebroso e fatal despedindo-se da vida.  Estava tão saturada, esfomeada de fim e doida pra cessar que nem se quer forçou a barra do resistir. E no seu coração uma única de devota esperança: Que depois da vida não exista nada mesmo. Nada. Nem um mínimo ponto discreto de lembrança do que havia passado aqui. 

(Markus Marques)


terça-feira, 28 de agosto de 2018

ESTADO DE POESIA

Para viver em estado de poesia
Me entranharia nestes sertões de você
Para deixar a vida que eu vivia
De cigania antes de te conhecer
De enganos livres que eu tinha porque queria
Por não saber que mais dia menos dia
Eu todo me encantaria pelo todo do teu serPra misturar meia noite meio dia
E enfim saber que cantaria a cantoria
Que há tanto tempo queria
A canção do bem querer
É belo vês o amor sem anestesia
Dói de bom, arde de doce
Queima, acalma
Mata, cria
Chega tem vez que a pessoa que enamora
Se pega e chora do que ontem mesmo ria
Chega tem hora que ri de dentro pra fora
Não fica nem vai embora
É o estado de poesia.
(Chico César)

As vezes a gente se identifica com algo e pronto, ta instalado do estado de calamidade poética.

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Estágio


Gota de água que cai e se perde no mar,
Grão de poeira que se funde na terra.
O que significa a nossa passagem neste mundo?
Um vil inseto que apareceu e depois desapareceu.


Ao que parece, Judite saiu do coma.

Olhando o tempo passar dentro da madrugada.

Boa noite!