
Hoje notei a flor do amor de minha mãe. Amava realmente meu pai. Ela, que não anda muito bem de saúde também, sentou-se na beirada da cama, em meio aos presentes que ganhou neste seu aniversário e ficou me contando um caso. Pude notar certa dificuldade ao falar, uma tosse se formando, os olhos umedecidos alem do normal e por fim uma grande vontade de entender o porquê de não sentir vontade de chorar. Não me contive e perguntei:
- Minha linda, a senhora tá sentindo muita falta dele né?
- Sim meu filho. Eu fico imaginando que ele vai voltar. Eu sinto o cheiro dele na cama quando me deito. Eu vou me encolhendo no meu canto para que quando chegar o seu lugar esteja livre e espaçoso como ele gostava. As vezes eu acordo pensando que ele entrou no quarto.
De todas as coisas que eu entendo, esta me foge totalmente. Tá certo que O HOMEM FORTE FICA SÓ, mas eu queria saber como ser forte sozinho. Eu queria saber como é para quem vai e como se consola sozinho o coração de quem fica.
As vezes penso que sou o errado na história, por ser sincero comigo mesmo e não omitir as coisas que sinto.
A vida não me ensinou a dizer adeus às pessoas que amo.
Fazer de conta que tudo está bem quando isso não é verdade.
Aceitar meus erros como algo inerente ao ser humano.
Sorrir quando o que mais desejo é gritar todas as minhas dores para o mundo.
Ser hipócrita. Amar aos que me machucam ou querem fazer de mim depósito de suas frustrações, desafetos e incompetências.
Fechar meus olhos às injustiças; Ser imune à dor de minha mãe, de um amor, de um amigo, e minhas irmãs.
Sempre perdoar.
Amar incondicionalmente.
A vida não me ensinou a abrir minhas janelas para o amor; e a não temer o futuro.
As coisas estão caminhando, mas eu estou parado. Estou empurrando as coisas conforme manda o figurino de uma pessoa responsável e sóbria. Mas aqui dentro: tem uma dor inédita em minha vida, e desta dor, só seu sei.
Nenhuma dor é glamour, nem a dor da inveja e nem a dor da incompetência. Só é glamour a dor de quem finge ser o que nunca chegará a ser. Deus dá a sensibilidade para alguns. Os outros passam pela vida inteira rogando a ele que lhes dê no mínimo um pedacinho dela.
Boa noite! E que como eu, Deus também tenha dó!