sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

LIZ FRASER LANÇA EP E SE DESNUDA EM ENTREVISTA EMOCIONANTE


Capa do maravilhoso Ep MOSES.

Após anos em silêncio, Liz Fraser , vocalista dos COCTEAU TWINS, lança um ep e diz coisas nunca antes ditas sobre ela e sobre a banda. Esta entrevista saiu no jornal THE GUARDIAN: http://www.guardian.co.uk/music/2009/nov/26/cocteau-twins-elizabeth-fraser-interview
E o membro da comunidade da banda no Orkut chamado Silent, traduziu e postou, para a emoção de todos os que conheceram este fenômeno.




TRADUÇÃO DA ENTREVISTA. LEIAM ATÉ O FIM E ENTENDAM NÃO SÓ O DILEMA DE FRASER, MAS ALGO DE LOUCO E COMOVENTE DA MENTE HUMANA.

O Cocteau Twins estava separado há sete anos e a mística que eles criaram durante todo esse tempo foi crescendo gradualmente à medida que sua influência também aumentava - quando veio o anúncio de sua volta. O mundo foi informado de que o Cocteau Twins abriria o festival Coachella na Califórnia e sairia em uma grande turnê. De acordo com o baixista Simon Raymonde, a banda receberia um cachê de £1,5 milhões para reunir-se novamente – dinheiro suficiente para garantir estabilidade financeira e o futuro do selo de Raymonde, o Bella Union.
Só houve um problema. Semanas depois da notícia, Elizabeth Fraser, a vocalista do grupo anunciou que não participaria do evento.
“Não me lembro de ter sido tanta grana assim, mas em todo caso, isso não é motivo [para uma reunião]” afirma Fraser, em sua primeira entrevista desde a separação da banda, em 1998. “Mas as pessoas ficam entusiasmadas demais. Mesmo quando as coisas estão a um palmo de você, as pessoas não querem ver. Eu sabia que não iria acontecer e não demorou muito para eu pular fora. Eu não sei dizer que estou bém, quando as coisas não estão bem”.

A decisão de Fraser de abandonar o projeto de reunião da banda foi tomada pelas mesmas razões que contribuíram para a primeira separação do grupo: Ela não conseguia mais conviver com o guitarrista do Cocteau, Robin Guthrie – pai do seu primeiro filho e parceiro até 1993.

Enquanto estavam juntos, o Cocteau Twins se estabeleceu Omo um dos três pilares da música alternativa britânica, junto com o New Order e The Smiths. Guthrie produzia efeitos brilhantes de guitarra – certamente a inspiração para que o dublê de crítico e DJ da Radio 1 Steve Wright chamasse de “catedral sônicas” – enquanto os críticos profissionais se desmanchavam em elogios à voz de Fraser, com trinados sobrenaturais e geralmente incompreensíveis. Um crítico chegou a classificar (para o constrangimento da própria Fraser) como “a voz de Deus”. Madonna adorava o Cocteau Twins, Prince queria contratá-los e Green Gartside, da banda Scritti Politti disse que as acrobacias vocais de Elizabeth Fazer se encontravam em terceiro lugar nos seus maiores melodistas de todos os tempos (atrás somente de Paul McCartney e Brian Wilson). O Cocteau ainda influencia bandas até hoje, com seus sons etéreos e extraterrestres. Agora essa voz pode ser ouvida novamente no lançamento de seu primeiro trabalho solo, Moses.

De acordo com Fraser, a reunião abortada não foi um factóide, nem uma chance de recompensa financeira merecida pela reputação da banda: "foi uma tentativa de cicatrizar velhas feridas. As coisas que acontecem e deixam marcas, não desaparecem quando maquiadas. Por baixo fica uma mancha escura, que nem sempre faz bem para quem a possui. O amigo de infância (que se tornou roadie e depois empresário da banda) queria que eles se reunissem “para que todos pudessem ser amigos novamente. Não é possivel ser amigo de alguém pelo qual já se desgostou uma vez".
Entretanto, Fraser imediatamente tinha reservas quanto a isso. “Ainda havia uma sensação de sermos casados”, ela explica sobre sua relação com Guthrie. “Mas não éramos mais. Nós somos muito diferentes hoje em dia”. Ela descreve essas diferença numa frase: “Você pode deixar a outra pessoa sem fôlego somente ao fazer ou dizer algo que ela não estava esperando por isso”. Ela agora nem consegue pensar sobre seus antigos colegas do Cocteau, quanto mais vê-los. “Eles eram minha vida. E quando você se entrega totalmente dessa forma, você também deve se retirar completamente. Eu não queria cantar para ser elogiada, eu nãi via ninguém, não pensava em ninguém, eu só desabafava. Nunca pensei em ser melhor que ninguém. Eu era apenas a vocalista de uma banda que crescia”.

Não foi só seus companheiros de banda que ela abandonou. Nos últimos 12 anos, ela raramente trabalhou no ramo musical. Ela colaborou no álbum Mezzanine do Massive Attack, no belíssimo hit “Teardrop” (e viajou com eles em turnê em 2006), mas foi só isso. Já lhe ofereceram quantias “inimagináveis” para que ela colaborasse com outros artistas (“o mais esquisito foi o Linkin Park”) – todas elas recusadas.
Fraser enxerga o processo de fazer música como uma parte inseparável de suas emoções. Ela sempre teve dificuldades para escrever letras de música, mas de repente dava um estalo e ela “embarcava com o som e a felicidade” – por isso ela canta sons e palavras sem significado, os quais ela só encontra significados mais tarde. Como ela diz, “eu não sei atuar. Não sei mentir. Na verdade eu queria que todo mundo aparecesse na mesma capa, da mesma revista, todo mundo ganhando ou perdendo”.
Sua inabilidade em fingir é evidente até agora. Ela está tão nervosa antes de conceder essa entrevista que está literalmente tremendo.

“Eu vivo aqui”, explica Fraser, apontando para sua cabeça. “E é muito difícil. Eu me deixo levar por qualquer sensação. Em alguns momentos estou bem, mas outras vezes eu sou uma destruidora. Minha mente ou está a mil ou está parada. Não existe meio termo”. Quando ela se apresentava, sofria de ataques de ansiedade antes de entrar no palco. Agora ela fala de sua ansiedade se espalhando pelo estúdio. Seu single foi gravado há algum tempo com Damon Reece (baterista do Massive Attack) e seu parceiro de mais de uma década – e grande amigo, Jake Drake-Brockman. O projeto sequer estaria sendo lançado se não fosse por uma tragédia: Drake-Brockman morreu em setembro – e Moses será lançado como um tributo a ele.
O Pop sempre foi uma escapatória para Fraser. Ainda em Grangemouth, uma cidadezinha petroquímica “horrível” em Stirlingshire, ela parecia destinada a seguir os passos da sua mãe como costureira, até que ela percebeu que tinha “luvas de boxe no lugar das mãos” – isto é, não tinha habilidade alguma para operar as máquinas de costura.

Ela freqüentava um clube chamado Nash, local onde conheceu Guthrie: ele convidou Fraser (na época com 17 anos, em 1980) para juntar-se à banda que ele havia criado com seu amigo Will Heggie. Ao aceitar o convite, Fraser ganhou uma alma gêmea e um facilitador. “Eu o admirava muito. Tudo era ele. Até meus olhos eram mais claros. Jamais teria conseguido sem ele”. O som característico que eles criaram “fluiu da química entre nós”, principalmente quando o londrino Raymonde substituiu Heggie.

Fraser não achava que eles estavam fazendo algo experimental ou original: “Parecia que nós conseguimos nos dar bem”, ela diz – mas o começo dos anos 80 “era uma época de muita sorte. As bandas podiam fazer o que quisessem e estabelecer uma carreira. Parecia uma festa.” Mas, de acordo com ela, “não podia durar por muito tempo porque coisas boas não duram para sempre”.
Ela e Guthrie ficaram juntos por 13 anos e durante esse tempo qualquer dificuldade no relacionamento era potencializado por também trabalharem juntos. “Nós éramos muito grudados, mas certas responsabilidades eram demais para a gente. Eu era meio recruta sempre pronta e ele era o homem. Somente minha mãe elogiava isso”. O nascimento da filha do casal, Lucy-Bell, em 1989 “não teve o impacto positivo” que ela esperava.

Havia ressentimento de ambos os lados, lembra Fraser. Eles estavam “se distanciando cada vez mais” e ela estava extremamente infeliz na banda. Ela se arrepende de “ter feito o que as pessoas queriam o tempo todo” e começou a se libertar, um processo documentado nas letras extraordinariamente diretas do álbum Four-Calendar Cafe. A situação ficava pior com a dependência de Guthrie em álcool e drogas, uma revelação (que partiu do próprio Guthrie, após a separação da banda) que chocou os fãs. Mas a tristeza de Fraser passava despercebida por seus colegas. "Eu estava sozinha porém acompanhada. É incrível quando você se sente sozinha no meio das pessoas que poderiam te ajudar, e elas nem notam isso, Eu recorria às pessoas numa tentativa de obter uma chamada à realidade, mas eles não notavam problema algum”, lembra ela. “E essa era uma das coisas que me deixaram completamente enlouquecida. Quando você precisa acertar algumas coisas e isso não está acontecendo, é de deixar qualquer um louco de raiva”.
Fraser passou por uma depressão e submeteu-se à psicoterapia. Até hoje ela se irrita com a sugestão dada por Guthrie de que ela precisava de drogas para compor, feita logo após ela ter saído da reabilitação.
“Não acredito nisso e nem mesmo ele acreditava nessa afirmação no início”, ela afirma. “Quer dizer, eu tentei continuar, mas eu já acho o processo de comunicação muito difícil. Sob o efeito de drogas, eu literalmente me desligava. Eu achava que eles iriam perder o interesse naquilo tudo e entrar numa onda mais... saudável.” Ela se permite dar uma pequena risada. “Mas nunca funcionou. Eu acreditava numa mudança porque eu precisava dela”.
Fraser ainda tem raiva de si mesma por ter permanecido no Cocteau Twins por dois anos (e outro álbum, Milk and Kisses, de 1996) após o término do relacionamento com Guthrie – “mas estávamos terrivelmente sobrecarregados de trabalho e eu não fui forte o suficiente para dar um fim naquilo. Milk and Kisses é uma raiva transformada em obra de arte. Ou uma derrota jogada em meio aos sons de guitarras. Só sei que vinha de mim”.

As tensões decorrentes desse período causaram o dano maior. “De tempos em tempos eu explodo”, ela diz, “e fico atolada em sentimentos que eu não posso negar. Detesto quem amo e acabo por magoar pessoas e criticar os outros”.

Depois de se separar de Guthrie mas continuar trabalhando juntos na mesma banda, Fraser começou um romance com Jeff Buckley, após ambos se apaixonarem completamente por suas vozes. Novamente, a emoção produzia música. Um belíssimo dueto gravado por eles (All Flowers in Time Bend Towards the Sun) circula pela internet, para a irritação de Fraser.

“Por que as pessoas têm que ouvir tudo?”, reclama. Eu lhe digo que a música é espetacular. “Mas está inacabada, sabe. Eu não quero que escutem”. Ela faz uma pausa. “Talvez eu não pense assim o tempo todo”.

Buckley morreu em 1997, mas durante esse período eles já haviam perdido contato; Fraser não gostava das inúmeras turnês de Buckley, uma reação que ela se arrepende bastante hoje em dia. “Eu deveria ter sido mais amiga”, diz, suavemente. “Sua carreira significava tudo para ele e eu devia ter sido mais compreensiva – feliz com um tipo diferente de relação. Eu sentia falta de algo,a mancha escura não saia dali e foi minha culpa”.
A notícia do desaparecimento de Buckley (ele se afogou nadando no rio Wolf em Memphis) chegou enquanto Fraser gravava “Teardrop” , com o Massive Attack. “Foi tão estranho”, ela se recorda, “Eu estava colocando as letras na canção e pensando nele. Essa música é um pouco sobre ele – pelo menos é o que eu sinto”. Ela parece assombrada pela culpa: não só por causa de Buckley, mas por tudo. Em suas próprias palavras, “eu preciso me perdoar. Eu estava na metade da composição da letra, dali para frente a letra virou outra coisa, outra atmosfera. Uma letra que era para ele ficou meio para ele e meio por ele. Detesto memórias. Detesto as dos outros quanto mais as minhas”.
Ela muda de assunto, sugerindo telefonar para Reece, que está em turnê na nevada Bratislava. Sua expressão se ilumina: mesmo através do viva-voz, a química entre os dois é evidente.
“As pessoas te avisavam pra ficar longe de mim, que eu era problemática?”, ela pergunta.
Ele dá uma risada. “Só uma ou duas pessoas”.

O casal se conheceu rapidamente antes da separação do Cocteau Twins. Ele literalmente a abduziu com sua moto Triumph, uma lembrança que o faz falar sobre seu amigo motociclista Drake-Brockman. Quando Reece e Fraser se mudaram para Bristol, Drake-Brockman os ajudou a arrumar a casa e ensinou Lily a nadar. Reece ainda está em choque após o acidente que matou seu amigo. “Ele usava um paletó de tweed e andava numa moto de 1938”, diz Reece. “Ele seria aquele velhinho motoqueiro de 80 anos”.

A conversa volta para Fraser, que explicou anteriormente que o outro motivo para seu afastamento da vida pública foi o nascimento da sua segunda filha. Após o nascimento de Lucy-Belle, ela continuou trabalhando, mas assegurou que acompanharia o crescimento da filha. “Eu estava tão irritada comigo mesma”, ela suspira. “Eu percebi o quanto eu havia perdido. Mas essa sou eu, com raiva, sempre com raiva! Eu nunca tive pensamentos nobres e nunca fui perseguida pela imprensa. As coisas que tive e tenho são realmente minhas”.

Entretanto, as chagas do passado estão cicatrizando. Apesar dos fardos que carrega, Fraser é feliz e sua proximidade com Reece produziu suas primeiras músicas em mais de uma década.

O casal até fez músicas (“o que pode virar um álbum”) em que ela – de forma pouco usual –diz que está muito orgulhosa do resultado. Mas ela insiste – assim como o dueto com Jeff Buckley – de que a música não está terminada e ainda não está pronta para ser lançada ao público. “Eu sou muito perfeccionista. Disseram injustamente que eu era a voz de Deus, e Deus, quem sabe, seja perfeito?”, explica. “Estou ficando mais forte como pessoa, mas às vezes eu preciso” – e agora ela dá uma risada – “me libertar de mim mesma!”
Reece compreende que o processo de recuperar Fraser como vocalista é algo gradativo.

“Fico com pena do público em geral, porque eu a ouço cantar aqui em casa e é absolutamente fantástico”, diz. “Ela é original em todos os sentidos. O que pode ser muito frustrante, mas é uma característica incrível. Eu trabalhei com muitas cantoras, mas muitas delas eram ‘fake’. O mundo fica mais triste sem o canto de Elizabeth”.

Fraser apenas abre um sorriso e não diz uma palavra.

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AGORA QUE VOCÊS JÁ SABEM REUNAM O MATERIAL DELES E ESCONDAM DEBAIXO DE SETE CHAVES, ESSAS COISAS TEM REALMENTE UM GRANDE VALOR.

ABAIXO EU POSTO UM VIDEO PARA AGUÇAR A VONTADE DE ENTRAR NO CORAÇÃO DE LIZ:



Neste exato momento coloquei minhas mãos em sinal de oração e pensei mais uma vez:

DEUS NOS PROTEJA DA INFELICIDADE!

BJOS

2 comentários:

Anônimo disse...

Como disse Liz Fraser ,não sei aparecer sem que os outros também apareçam e não quero méritos por isso , por ser generoso quando os outros sao descuidadamente egoístas.JAMES

Anônimo disse...

Não tenho nem palavras pra dizer o quanto fiquei feliz de ver como meu filho é querido e principalmente por vc que é uma pessoa muito especial pra mim... foi a coisa mais linda que já li na minha vida... só posso dizer do fundo do meu coração MUITO OBRIGADA MEU MESTRE!!!! TE AMO MUITO!!!!!Bianca